
CASO NICOLAS: Médico se defende e diz que criança já chegou morta quando retornou ao Hospital Regional de Campo Maior-PI
Na sua versão, ele nega a utilização de injeção benzetacil.
O médico Maurício Sérgio Silva, em nota enviada ao DIÁRIO DE CAMPO MAIOR após reportagem publicada, dá a sua versão sobre o “caso Nicolas Eduardo da Silva Sousa”, criança de 5 anos que morreu na noite de ontem (10), em Campo Maior, norte do Piauí. Parentes da vítima relataram pra a reportagem a suspeita de que a causa da morte teria sido motivada por erro médico, e que a unidade hospitalar teria se recusado em entregar o prontuário do paciente.
LEIA A REPORTAGEM DA DENÚNCIA: Criança morre no Hospital Regional de Campo Maior-PI e família suspeita de erro médico
Segundo o médico, o paciente apresentava febre, tosse e vômitos, e após a consulta orientou a mãe a levar o filho para a sala de medicação e para aguardar uma reavaliação. Na sua versão, ele nega a utilização de injeção benzetacil: “Orientei a mãe a dirigir-se para sala de medicação e aguarda-se reavaliação, para depois da melhora do quadro fosse em segurança de alta com as medicações ambulatoriais prescritas em receituário (xarope antitussígeno, analgésico e antiemético). Todas as medicações em doses adequadas para idade”, disse.
Ainda segundo ele, às 21h15 foi chamado para a sala de estabilização, e percebeu que a criança já não apresentava sinais vitais: “Por volta de 21:15 sou chamado novamente a sala de estabilização para atendimento da criança que havia retornado sem sinais vitais, e com sinais de parada cardiorrespiratória que não deviam ser recente, devido as características da pele do paciente, apresentando livedo reticular em membros inferiores e cianose de extremidades. Iniciado prontamente manobras de reanimação, incluindo massagem cardíaca, administração de adrenalina e intubação orotraqueal, procedimento durante o qual observei grande quantidade de conteúdo gástrico em entrada de via área, com realização de múltiplas aspirações, o que me levou a constatar asfixia devido a broncoespasmo como causa da morte. A criança apresentava sinais de que havia parado há mais de 10 minutos”, afirma.
Por cerca de 15 minutos, o profissional afirma ter tentado reanimar a criança, mas não possui êxito. Afirma ainda ficar sabendo da própria mãe que não iria aguardar a reavaliação e que após sair do hospital, Nicolas vomitou novamente: “A própria mãe me informa que não aguardou reavaliação e se dirigiu pra casa com a criança após as medicações, que segundo ela já estava bem. A adolescente informa ( perante testemunhas) que a criança assim que saiu na porta do hospital teve novos episódios de vômitos, porém não retornaram, relata também que apresentando novo episódio de febre alta e presença de “arroxeamento” das pernas. Após isso teria trazido as pressas a criança”, disse.
Por fim, o médico diz ainda que indicou para a mãe a possibilidade de encaminhar o corpo para o sistema de verificação e assim ser feita uma investigação sobre a morte, mas diz que ela se recusou, alegando que iria demorar: “Converso com a mãe sobre os procedimentos realizados e informo que existe a possibilidade de encaminhar o corpo para o sistema de verificação de óbito, caso fosse do desejo dela dirimir quaisquer duvidas sobre os eventos que levaram a morte. Porém ela não aceitou, devido ser um processo demorado, que não permitiria o enterro antes de sua conclusão. Acatado o desejo da mãe, forneço a Declaração de óbito, tendo sido entre pessoalmente por mim em suas mãos”, afirma.
Em áudios enviados para a reportagem, profissionais que trabalharam junto com o médico confirmam a sua versão, e dizem ainda que a criança não recebeu injeção de benzetacil: “Na cabeça dele (médico), ele tinha atendido, mas não lembrava de ter liberado ela, e quando foi buscar o prontuário, realmente ele não tinha liberado ela”.
Procurados, o Hospital Regional de Campo Maior e a Secretaria de Estado da Saúde do Piauí ainda não se manifestaram sobre o episódio.
LEIA A NOTA NA ÍNTEGRA:
Por volta das 19 hrs de ontem (10/04), recebi a criança acompanhada da mãe no consultório, colhida a história do paciente com detalhamento de sintomas, inicio dos sintomas e comorbidades e posteriormente realizado exame físico, com oroscopia, ausculta cardiopulmonar, sem alterações, registrei em prontuário a prescrição das medicações a serem administradas, a saber dipirona e bromoprida, ambas por via intramuscular, pelo sintomas descritos pelo mãe e sinais apresentados em consulta que eram febre, tosse e vômitos. Orientei a mãe a dirigir-se para sala de medicação e aguarda-se reavaliação, para depois da melhora do quadro fosse em segurança de alta com as medicações ambulatoriais prescritas em receituário ( xarope antitussígeno, analgésico e antiemético).
Todas as medicações em doses adequadas para idade. Após a consulta fui chamado na sala de estabilização para intercorrências com outros pacientes.
Por volta de 21:15 sou chamado novamente a sala de estabilização para atendimento da criança que havia retornado sem sinais vitais, e com sinais de parada cardiorrespiratória que não deviam ser recente, devido as características da pele do paciente, apresentando livedo reticular em membros inferiores e cianose de extremidades. Iniciado prontamente manobras de reanimação, incluindo massagem cardíaca, administração de adrenalina e intubação orotraqueal, procedimento durante o qual observei grande quantidade de conteúdo gástrico em entrada de via área, com realização de múltiplas aspirações, o que me levou a constatar asfixia devido a broncoespasmo como causa da morte. A criança apresentava sinais de que havia parado há mais de 10 minutos.
Finalizando as manobras de reanimação, por volta de 21:31 finalizando o procedimento e solicito conversa com a mãe que estava acompanhada de uma adolescente ( irmã provavelmente). A própria mãe me informa que não aguardou reavaliação e se dirigiu pra casa com a criança após as medicações, que segundo ela já estava bem. A adolescente informa ( perante testemunhas) que a criança assim que saiu na porta do hospital teve novos episódios de vômitos, porém não retornaram, relata também que apresentando novo episódio de febre alta e presença de “arroxeamento” das pernas. Após isso teria trazido as pressas a criança.
Converso com a mãe sobre os procedimentos realizados e informo que existe a possibilidade de encaminhar o corpo para o sistema de verificação de óbito, caso fosse do desejo dela dirimir quaisquer duvidas sobre os eventos que levaram a morte. Porém ela não aceitou, devido ser um processo demorado, que não permitiria o enterro antes de sua conclusão. Acatado o desejo da mãe, forneço a Declaração de óbito, tendo sido entre pessoalmente por mim em suas mãos.
Todas as informações podem ser observadas em prontuário e indagadas às testemunhas do ocorrido.
Estive e estou aberto a prestar quaisquer esclarecimentos à família e a comunidade e lamento profundamente o falecimento da criança, evento que marcou a todos da equipe de plantão.
À disposição, Dr Mauricio Silva.
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