Praga unha-do-diabo invade carnaubais e mobiliza pesquisadores
O fenômeno tem prejudicado o ecossistema em diversas regiões do Nordeste e preocupa a produção em Campo Maior
Um grupo de pesquisadores estuda a possibilidade de controle biológico sobre a planta invasora, conhecida como unha-do-diabo, que tem provocado severos danos ao meio ambiente, principalmente à carnaúba, palmeira da família Arecaceae, comum no Nordeste.
Pesquisadores da Universidade Federal do Ceará (UFC), liderados pelo professor Rafael Carvalho da Costa, e da Universidade Federal de Viçosa, liderados pelo professor Robert Barreto, junto com técnicos do Center for Agriculture and Bioscience International, do Reino Unido, além de pesquisadores da Universidade Estadual do Ceará (Uece) e da Universidade Federal de Feira de Santana (BA), analisam a viabilidade e a segurança desse controle biológico.
Esse controle envolve procurar um inimigo natural para aquele agente que virou praga. "Desde 2018, tenho participado de grupos interdisciplinares, com várias instituições visando estudar essa invasão biológica e avaliar possibilidades de controle", afirma Rafael em entrevista à Caravana UFC 70 anos.
"Nosso projeto já realizou uma avaliação preliminar para saber quais são as características de funcionamento das populações da espécie invasora, seu crescimento, reprodução, abundância das populações, natalidade e mortalidade, além dos efeitos sobre a carnaúba. Todos esses estudos servem para termos uma noção de como funcionam essas populações e uma linha de base de comparação para futuras medidas de controle. Uma das possibilidades é o controle biológico", explica.
Originária da Ilha de Madagascar, na África, a unha-do-diabo, também conhecida como viuvinha, é uma planta invasora introduzida no Brasil pelo menos desde o início do século XX.
"Uma espécie invasora é uma espécie que não faz parte da biodiversidade nativa de uma região, introduzida nela por ação humana, de forma intencional ou acidental. Para ser considerada invasora, além de ter sido introduzida, precisa conseguir sobreviver naquele novo ambiente e se reproduzir", explica Rafael.
No caso da unha-do-diabo, além de ser considerada invasora, ela causa danos, ameaça o funcionamento dos ecossistemas e a biodiversidade nativa da região onde se instala. "Algumas das nossas pesquisas têm demonstrado que essa planta invasora é capaz de infestar uma carnaúba e atingir a sua copa em um período tão curto quanto dois anos", afirma Rafael.
O Povo
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